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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mengo meu dengo


28 de outubro - dia de bênçãos e de festa, e mais:

Bem-vindo à sua casa, Mengão! Luiz Hélio Alves*

A religião Flamengo, com os seus 40 milhões de ardorosos fiéis, tem como protetor oficial aquele que Jesus escolheu para segui-lo como um dos doze apóstolos: São Judas, não o Iscariotes (o traidor), mas Tadeu (o corajoso). E quanta simbologia há nessa sagrada relação do Mais Querido com o poderoso patrono das causas difíceis e desesperadas! Não há no mundo uma agremiação esportiva, social ou cultural com tamanha demonstração de coragem, fé e devoção. Sentimentos incorporados há mais de cem anos por inúmeros heróis defensores do manto rubro-negro e por seus apaixonados seguidores. Eclesial e iluminada inspiração abençoada por Deus e intercedida pelo santo protetor São Judas Tadeu. Amém!



Impossível falar no nosso santo e não relembrar a transmissão da final do carioca de 2001 pela Rádio Tupi, com marcante narração de Luis Penido e comentários do Apolinho. Aos 43 minutos foi assinalada falta para o Flamengo, que ainda precisava fazer mais um gol para sagrar-se campeão, ou melhor, tricampeão. Eis que enquanto o Pet ajeitava a bola para cobrar a falta, Apolinho vestiu-se de arauto das boas novas e anunciou: "E acaba de chegar São Judas Tadeu!". Pronto. Como num encanto, acabou-se a aflição e toda aquela angústia que nos acompanhara durante o jogo, dando lugar a uma contagiante e absoluta certeza de que a bola, magistralmente, estufaria a rede adversária e nos levaria a mais uma inesquecível conquista. Não deu outra: "Pet, parecia com a mão, na hora de acabar, o gol do tri, do tri, do tri...".



Neste final de temporada 2008, São Judas Tadeu está imbuído de uma missão ainda mais difícil, na verdade, uma parada duríssima até mesmo para o nosso poderoso santo: levar o Mengo ao tão sonhado hexacampeonato brasileiro. Mas, será que alguém aí ousaria duvidar do realizador das causas impossíveis? Vamos Flamengoooo!!!





Viva o povo flamengo!



Há quem diga (um arco-íris, lógico): "eu não tenho raiva do Flamengo, mas sim do flamenguista". Por que será? Simples, porque nós torcemos como nenhum outro. Somos diferentes em tudo, na alegria ou na tristeza. Se o time está mal, não fingimos que não ligamos mais para o futebol. E é claro que, por termos uma vocação natural para a glória, comemoramos mais do que qualquer outro torcedor. Para se ter uma idéia, após a Era Zico o Fla nunca passou mais de dois anos na fila por um caneco, mesmo enfrentando graves crises.



Não, não somos "chiques" e nem "adestradinhos", somos corpo e alma, bagunça lúdica e espirituosa do bem-viver. Não somos lords mal humorados, somos malandros felizes, bons malandros. Não temos estilo, nós somos O Estilo. Style de torcer e propiciar espetáculo, show, magia e encantamento. Não vestimos camisa, envergamos orgulhosamente um poderoso e sagrado manto. Não louvamos ídolos, mas deuses da bola. Fazemos de simples jogadores, guerreiros e heróis. Amedrontamos os adversários no majestoso templo e em qualquer outro lugar, simplesmente com a nossa presença. Quando dizem, lá vem a nação rubro-negra, o chão treme e tudo pára. Não somos uma torcida, somos a magnética. Nós transformamos jogos de futebol em arte. Por isso, hoje é dia de pintarmos o país inteiro de vermelho e preto, comemorando a nossa imensa alegria de sermos quem somos. Flamenguistas, rubro-negros do Mais Querido do Brasil, o próprio Flamengo.



A Bahia é Flamengo



"Ah que bom você chegou (Mengão), bem-vindo a Salvador, coração do Brasil...". Esse trecho de um dos hinos da folia momesca soteropolitana traduz bem o estado de espírito do povo flabaiano. Clímax e êxtase na velha e mística feliz-cidade. Afinal de contas, ter-receber-abençoar-cantar-poetar o Flamengo, Mengo, Mengão, Mengaço na Bahia é sentir uma energia mais contagiante até do que o próprio carnaval. É fazer mais auê do que em festa de largo ao som e sabor de tambores-quitutes. É muito mais do que mil vezes sentir o prazer de dormir nos braços morenos da lua de Itapoã, nos saudosos tempos do encantado Vinicius.



Representamos 26% de toda a nação rubro-negra do país, por isso não é nenhum exagero afirmar que o Mengo joga em casa quando vem a Salvador. Até porque somos a maior torcida do estado, perdendo para a dupla BAVI apenas na capital e por uma diferença não tão grande. E ao entrar no Barradão na noite desta quarta-feira para conquistar (com gol de Obina "ó paí ó, sadó caradiosso!") mais três pontos rumo ao hexa, o Flamengo estará parando a Bahia e fazendo feliz essa gente que tanto lhe quer bem, essa gente que canta — sob as bênçãos dos orixás e a licença de Jerônimo (É d'Oxum): aqui nessa terra todo mundo é Mengôoo, homem, menino, menina, mulher. Esse clube irradia magia, campeão de terra e mar, em toda a Bahia o Flamengo só brilha. É Mengôo, é Mengôo, É Mengôo...



Semana que vem tem mais. SRN e até lá, se Deus quiser!



São Judas Tadeu, apóstolo escolhido por Cristo, eu vos saúdo e louvo pela fidelidade e amor com que cumpres vossa missão.



Luiz Hélio é poeta e jornalista e escreve para o site Flamengo RJ as terças-feiras.

Fonte: http://www.flamengo.com.br/portal//AgenciaFla/Mengo-meu-dengo-parte-45

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