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sábado, 25 de outubro de 2008
‘Bruno não alugou o gol do Fla. Ele é proprietário’, diz Raul
Carlos Mota/GLOBOESPORTE.COM
Bruno autografa camisa para Raul Porém...
Confira a reportagem completa do encontro entre dois dos maiores goleiros da história do Flamengo
Cahê Mota e Eduardo Peixoto
Rio de Janeiro
Simpatia, bom humor, admiração mútua, respeito e conselhos. Se antes do primeiro encontro Bruno e Raul Plassmann por acaso tinham alguma desconfiança um do outro, ela foi desfeita já no primeiro abraço. Sem esconder a alegria por esse encontro em vermelho, preto e... amarelo, a dupla se encontrou na última sexta-feira em uma churrascaria na Zona Oeste do Rio de Janeiro a convite do GLOBOESPORTE.COM.
- Nunca tinha visto o Bruno. E sempre fica aquela expectativa de saber como será o encontro. Às vezes não acontece aquela empatia. Mas com ele foi ótimo. É uma pessoa muito legal – conta Raul, que retorna a Curitiba neste domingo.
O prato principal do encontro foi o Flamengo. Ídolos do passado e do presente do clube mais popular do país, os dois trocaram elogios.
- Se o Raul é o que é hoje, se ele tem ainda esse respeito é porque ele trabalhou muito. Passou por várias dificuldades e conquistou muitas glórias. Para chegar aonde ele chegou, falta muita coisa. Tenho que conquistar títulos – avisa Bruno.
Apontado no início deste século como o maior goleiro da história do Flamengo, Raul se orgulha por ver seu lugar ocupado por alguém tão talentoso.
- Tem goleiro que chega à pequena área como inquilino, alugando por um ou dois anos. O Bruno chegou como proprietário – conta.
Bruno sorri com os elogios. E se coloca ao lado daqueles que não “toleram” pequenos deslizes embaixo das traves.
- A gente não pode aceitar a falha nunca. Nunca. Eu levo um gol e fico louco. Eu odeio tomar gol – diz, taxativamente.
Confira trechos do encontro entre dois dos maiores goleiros da história do Flamengo:
Camisa amarela:
Bruno: Todo uniforme que eu fazia, não podia jogar. Sempre dava aquele probleminha. O juiz está de preto, o adversário está de branco. Então espera aí. Parei, pensei um pouco e decidi: amarelo. Mas amarelo? Raul. Isaías Tinoco (gerente de futebol) que me falou e achei legal.
Bruno: Estão pegando no meu pé, me chamando de viadinho por causa da camisa amarela. Não pode.
Raul: Juravam que eu era bicha. Até minha mãe falou: “Filho, pode contar para mamãe, mas para o papai não conta, não”. É aquele negócio, jogava de amarelo, tinha cabelo comprido. Ih, ele tem cabelo comprido também (aponta para Bruno). Mas não vai pegar, não. É muito bravo o homem, não tem jeito.
Seleção brasileira e Flamengo:
Raul: Perguntavam se eu não estava chateado por não ser convocado. Quando saiu a lista definitiva para a Copa do Mundo da Espanha (1982) eu, sem programar nada, disse assim: quem joga no Flamengo não sente falta da seleção brasileira.
Bruno: Esse objetivo vai ser alcançado conquistando títulos, jogando mais tempo no Flamengo. Quanto mais partidas eu fizer, vai ser melhor para mim. Então, tenho que aprender muito aqui. E é bom ele (Raul) passar isso para mim porque é um cara mais experiente, que viveu o Flamengo e isso é muito bom. É bom aprender.
Goleiros e os frangos:
Raul: A falha vai acontecer sempre. Ela não pode ser freqüente. Mas sabe o que eu pensei? Acontecia comigo. Pegava uma fase boa, dez jogos com todo mundo falando que eu estava arrebentando. Aí falei: eu sou bom demais. Quando você acha que é o bom, aí vem um lembrete (o erro).
Bruno: Raul tem razão. Com todos os goleiros é assim. A gente menospreza a bola fácil e nem olha para ela, já pensa no contra-ataque, você vai meio disperso e ela acaba passando.
Goleiros artilheiros:
Raul: (Na minha época) não era hábito. E faltou a iniciativa também do goleiro, que era muito submisso. Era apenas aquele pegador de bolas, na verdade. Mas a gente ficava muito intimidado porque olhava para frente e via o Zico, o Pelé. Se eu for lá, o Zico iria falar: está fazendo o que aqui? E também eu não tinha habilidade para fazer uma cobrança. Meu tiro de meta já não era bom. Eu morri de inveja (com o gol de Bruno). Infelizmente não tive essa coragem.
Bruno: Acho isso (fazer gol de pênalti) legal. Apesar de ter falado que o Leo Moura e o Marcelinho (Paraíba) são os cobradores, entrei no clima de festa, estava 4 a 0 e a torcida acabou pedindo. Fiquei na minha, os jogadores me chamaram e foi legal.
Jogar no Flamengo
Raul: Quando houve a eleição dos melhores nos 100 anos de Flamengo eu estava na relação. Mas aquilo já aconteceu. A porta está aberta. Se houver outra eleição dentro de cinco, dez anos, a possibilidade de ocorrer uma mudança é muito grande. E muito mais com a qualidade que o Bruno representa.
Bruno: Se o Raul é o que é hoje, se ele tem ainda esse respeito é porque ele trabalhou muito. Passou por várias dificuldades e conquistou muitas glórias. Para chegar onde ele chegou falta muita coisa. Tenho que conquistar títulos.
Flamengo no Brasileirão de 2008
Bruno: Quero sim ser campeão. É um sonho, tenho muita vontade. A gente tem tudo para chegar. Nosso grupo é muito talentoso e depende só da gente. Temos que esquecer os outros e fazer só a nossa parte.
Fonte: http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Flamengo/0,,MUL836161-9865,00.html
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