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sexta-feira, 18 de abril de 2014

O Sávio Potiguar

Com Flamengo até no nome, xará do



 ídolo Sávio trilha carreira profissional

Atacante Sávio Flamengo tem nome em homenagem ao ídolo rubro-negro da década de 90, o "Anjo Loiro da Gávea"; irmã mais velha quase se chamou "Flaminga"

    Em 1995, ano do centenário do Mengão, a paixão pelo futebol levou um pai fanático a dar o nome do ídolo e do clube rubro-negro ao seu filho no interior do Rio Grande do Norte. Em meio ao auge do atacante flamenguista Sávio, o "Anjo Loiro da Gávea", nascia em terras potiguares Sávio Flamengo, o menino que virou jogador de futebol e se espelhou nos gols marcados pelo xará famoso para definir sua posição dentro de campo. Hoje com 18 anos, o garoto desponta no ataque do Potiguar de Mossoró, pelo qual marcou seu primeiro gol como profissional no mesmo fim de semana em que comemorou o título do time de coração no Campeonato Carioca.
Sávio Flamengo, atacante do Potiguar de Mossoró (Foto: Marcelo Diaz/Divulgação)Sávio Flamengo marcou dois gols em dois jogos como profissional (Foto: Marcelo Diaz/Divulgação)
- Combinei com minha esposa que quando o menino nascesse ele teria o nome de Sávio e do meu time do coração. O problema é que, naquela época, o cartório não quis registrar o bebê como porque tinha nome de time e encaminhou o pedido para um juiz. Por sorte, esse juiz também era flamenguista e eu consegui a autorização para colocar o nome do Mengão no meu filho. No fim das contas, eu nem precisei pagar o registro - lembra Raimundo Nonato, pai de Sávio Flamengo.
O Sávio potiguar marcou o seu primeiro gol como profissional no último sábado, contra o América-RN. A partida era válida pelo Campeonato Potiguar. O jogo terminou empatado, mas o feito do atacante foi bastante comemorado pela família flamenguista que viu o time carioca ser campeão estadual no domingo, em cima do Vasco.

- Eu sonhava com esse gol. E ainda teve o título do Mengão no domingo. O fim de semana foi perfeito mesmo - contou Sávio, que marcou mais uma vez no empate diante do Globo FC, na segunda-feira.
"FLAMINGA" NÃO!

Moisaco - Sávio Flamengo (Foto: Acervo pessoal)Raimundo Nonato em jogo do Flamengo; com a filha na antiga casa vermelha e preta; Sávio recém-nascido; família completa (Foto: Acervo pessoal)
Sávio Flamengo Almeida Dantas nasceu no dia 3 de julho de 1995, na cidade de Apodi, a 342 km de Natal. Ele é o mais novo de três irmãos. O mais velho ganhou o nome do avô materno e não teve acordo que fizesse mudar isso. A irmã do meio, Raíssa, quase ganhou um "Flaminga" como sobrenome, mas a mãe Rainilda Guerra não gostou muito da ideia e conteve os ânimos do marido fanático. Com o caçula, foi o pai quem bateu o pé e decretou o nome do garoto. 
Sávio conta, ainda, que morou durante dez anos em uma casa com paredes vermelhas e pretas, tamanha é a devoção do seu pai pelo rubro-negro carioca.
- Ele é muito fã do Sávio e do Flamengo. A loucura dele foi ter colocado Flamengo no meu nome - brinca o jogador.
GRATIDÃO E SURPRESA DO ÍDOLO

Sávio Bortolini Pimentel, hoje com 40 anos de idade, já pendurou as chuteiras e se tornou comentarista da Rede RBS, afiliada da Rede Globo em Florianópolis. O craque capixaba foi revelado pelo time carioca e brilhou no futebol espanhol em equipes como Real Madrid e Real Zaragoza. O xará mais famoso ficou bastante surpreso e honrado com a homenagem recebida no Rio Grande do Norte.
- No Espírito Santo, onde eu nasci, já vi alguns 'Sávios', que ganharam o nome na época em que eu jogava. Mas Sávio Flamengo é a primeira vez. É sempre bacana ter uma homenagem assim. Isso é sinal de que você deixou algo de positivo no esporte - disse Sávio, por telefone, de Florianópolis.
savio especial (Foto: Cassius Leitão / Globoesporte.com)Sávio ficou surpreso com a homenagem: "Sávio Flamengo eu nunca vi!" (Foto: Cassius Leitão/Globoesporte.com)
O ex-jogador mora na capital de Santa Catarina há cerca de quatro anos e atualmente está focado no lado empresarial nas áreas financeira e imobiliária, embora não consiga tirar o olho do futebol. Ele mantém uma empresa de agenciamento de novos jogadores da região. 
Sávio Bortolini lembra do apoio da torcida nordestina nos tempos de Flamengo e admite que fica muito orgulhoso ao saber que pessoas de todas as partes do Brasil ainda admiram o seu legado deixado nos gramados nacionais e internacionais.
- Uma homenagem assim me deixa muito orgulhoso. Vejo como um reconhecimento por tudo que fiz no Flamengo. A gente sabe que o Nordeste tem muita torcida. Lembro que na minha época jogávamos muito no Nordeste e éramos sempre bem recebidos - relembra o ex-atacante rubro-negro.
O GRANDE ENCONTRO

Savio Ream Madrid 1999 (Foto: Getty Images)Sávio saiu do Flamengo e foi jogar no Real Madrid em 1998 (Foto: Getty Images)
O "Anjo Loiro da Gávea", como também era conhecido o atacante flamenguista na década de 90, nem teria como ser esquecido por seus fãs potiguares, não só pelo nome cravado para sempre na família Almeida Dantas, mas também pela admiração cultivada até os dias atuais. Pai e filho ainda mantêm o sonho de um dia conhecer o ídolo.
- Quando era pequeno já assisti o Sávio jogando na Espanha, no (Real) Zaragoza e no Real Madrid. Quando ele voltou para o Flamengo, em 2006, eu também o acompanhei. Tenho muita vontade de conhecê-lo. É um grande ídolo para mim - revela Sávio Flamengo.
Já o pai do garoto diz que só se arrepende de não ter colocado "Flamengo" no nome dos outros dois filhos e admite que não sabe se resistiria à realização do desejo de ficar frente a frente com o ídolo.
- Não custa nada sonhar, né? Mas eu acho que se um dia chegar a conhecer ele, eu morro nos pés dele - conta.
De longe, Sávio agradeceu pelo carinho e admiração da família potiguar, e desejou boa sorte na carreira do jovem Sávio Flamengo. E o craque ainda mandou um recado, mantendo acesa a esperança de um dia poder realizar esse sonho do pai do garoto.
- Se um dia eu tiver a oportunidade de ir a Natal, vamos tentar marcar esse encontro. Seria um prazer para mim - finaliza Sávio Bortolini.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

33 VEZES FLAMENGO

Isso aqui é Flamengo

Rubro-Negro supera o Vasco com gol de Márcio Araújo, aos 47 minutos do segundo tempo

Emoção nos 180 minutos da decisão. Assim como na partida de ida, na tarde deste domingo (13.04) o Flamengo saiu atrás no placar e foi buscar o empate, que servia para o Rubro-Negro, melhor colocado da fase classificatória. Se na partida de ida o tento foi marcado por Paulinho, desta vez foi de Márcio Araújo o trabalho de colocar a bola na rede, diante de quase 50 mil torcedores, e dar o 33º título do Carioca ao Flamengo. Em um campeonato em que praticamente todos os jogadores do elenco entraram em campo para defender o Manto Sagrado, o Mais Querido foi merecedor e levou mais um título para a Gávea, novamente sobre seu maior rival, para o delírio da Maior Torcida do Mundo.
Debaixo de chuva, a primeira chance do Rubro-Negro foi aos oito minutos do primeiro tempo. Depois de roubada de bola, Éverton recebeu e chegou com perigo pela direita, mas o cruzamento acabou saindo fraco. Aos 11, em cobrança de falta, Douglas chutou cruzado e André Rocha quase marcou em desvio para o Vasco. A resposta do Fla veio novamente em contra-ataque de Éverton, que já ia ficando cara a cara com o goleiro, quando foi derrubado pelo último homem do Cruzmaltino. Aos 27, Paulinho tentou jogada ofensiva em velocidade, mas a bola não alcançou nem Éverton, nem Alcesandro. Um minuto depois, Márcio Araújo encontrou Paulinho bem posicionado, o atacante avançou e emendou de fora da área, mas o chute não saiu com força e passou perto da trave direita do arqueiro do Vasco. Ambas equipes tentavam o gol, mas não conseguiam dar trabalho aos goleiros. Até que aos 32, em mais um contra-ataque, mano a mano, Paulinho arriscou novamente de fora da área e Martín Silva espalmou; no rebote, Éverton dividiu com o goleiro, em novo rebote, André Santos chutou, mas o bandeirinha já havia paralisado a partida marcando impedimento. O Cruzmaltino tentou na sequência, mas o chute de Thales passou bem acima do travessão de Felipe. Aos 39, Luiz Antonio aproveitou que o Vasco perdeu a bola no ataque para pegar a zaga cruzmaltina de surpresa, mas o chute de longa distância não teve a direção esperada.
O segundo tempo começou com pressão vascaína. Aos sete minutos, a bola pipocou na área e Douglas, Felipe Bastos e Diego Renan ofereceram perigo ao goleiro Felipe. A resposta rubro-negra veio em linda triangulação, com direito a passe de calcanhar de Alecsandro para André Santos, mas o lateral não foi feliz no chute. Após chapéu de Paulinho, foi marcada falta no atacante rubro-negro. Quando a bola parou para a cobrança, o clima esquentou entre Chicão e André Rocha e os dois foram expulsos. Jayme sacou Éverton e entrou Erazo, para recompor a zaga. Aos 19, o Vasco teve duas grandes chances, mas a bola não foi para a rede. Aos 30, Douglas abriu o placar para o Cruzmaltino, em cobrança de pênalti. Mas o jogo ainda reservava mais emoções para a Nação. Depois de alguns minutos de jogo tenso e pressão do Vasco, aos 47 minutos do segundo tempo, após cobrança de escanteio, Wallace cabeceou na trave, a bola quicou perto da linha e sobrou para Márcio Araújo empurrar para a rede, deixando em êxtase os torcedores rubro-negros no Maracanã. O empate já era um resultado suficiente para o Flamengo ser, pela 33ª vez, campeão carioca.
Márcio descreveu a sensação de ser o herói de um título diante da Nação. "É de arrepiar. Só o Flamengo para nos proporcionar tanta alegria, tanto sofrimento. O torcedor adversário já estava gritando olé, e a gente pôde fazer o gol. Num momento de angústia, consegui coroar com o título", comemorou.

sábado, 5 de abril de 2014

A PIONEIRA CHARANGA RUBRO-NEGRA

A Charanga que animou a torcida do Flamengo


Cumprindo promessa que fez a um amigo, Jaime de Carvalho criou a primeira torcida musical do futebol brasileiro no início dos anos 1940


Rexona (Foto: Divulgação)
Jaime Rodrigues de Carvalho foi um dos flamenguistas mais fanáticos da história do Rubro-Negro e pioneiro na criação de uma torcida musical.
Em 1942, esse baiano nascido em Salvador teve a ideia de levar um grupo musical para dentro de um estádio de futebol. Ele juntava assim duas de suas paixões. A maior delas, o Flamengo, e também a música. A iniciativa aconteceu na véspera da decisão do Campeonato Carioca de 1942, entre Flamengo e Fluminense. Naquele sábado, Jaime prometeu a um amigo que iria criar tal tipo de torcida. Eles ficaram até de madrugada tingindo um tecido com a inscrição "Avante, Flamengo" em vermelho e preto.
No dia seguinte, 11/10, para surpresa dos presentes nas Laranjeiras, um grupo de cerca de 15 músicos liderados por Jaime chegou ao estádio. Os músicos carregavam um trombone, duas clarinetas e mais de dez instrumentos rítmicos. Aquela turma animada e ruidosa se destacou, tocando durante toda a partida em sinal de apoio ao Fla. Afinal, naquele tempo, as torcidas somente se manifestavam de forma contida. Até aquele dia, a música como forma de torcida nunca havia entrado em um estádio, fazendo parte somente das comemorações e festividades fora do campo de jogo.
O jogo terminou empatado em 1 a 1, mas ficou marcado pela torcida musical que mudou para sempre o ambiente dos jogos de futebol no país.
Nos dias seguintes àquela final, o conhecido músico Ary Barroso, torcedor rubro-negro e então locutor de um programa na Rádio Tupi, cravou: "Me desculpem, mas isso não é banda nem aqui nem no caixa-prego. Isso é uma verdadeira charanga", disse ele em relação à qualidade musical do grupo. Afinal, segundo o dicionário, charanga significa conjunto musical desafinado e barulhento.
Jaime de Carvalho não se incomodou e decidiu adotar o apelido. Nascia assim a Charanga do Mengão. Além da alegria, da festa e da sonoridade, a Charanga também trouxe sorte ao Mengão, já que o clube conquistou o tricampeonato carioca de 1942 a 1944.
Criado com cerca de 20 integrantes, o grupo logo cresceu e fez história. Laura, mulher de Jaime, era quem costurava as faixas e bandeiras da turma. A Charanga ficou célebre e se transformou em um símbolo do Flamengo. A ordem na Charanga era torcer sempre a favor do Fla, sendo proibido xingar e criticar os jogadores. O sucesso da Charanga foi tanto que ela acabou inspirando novas charangas de futebol pelo Brasil nas décadas de 1940 e 1950.
Curiosamente, no início a Charanga sofreu uma forte resistência no meio esportivo, justamente pelo fato de incomodar os adversários do Flamengo por conta de seu barulho e de sua tradicional desafinação. Os rivais do Mengão alegavam que a Charanga atrapalhava a concentração, já que se posicionava estrategicamente atrás do gol adversário.
Outro fato é que a Charanga do Mengão também é considerada a primeira torcida organizada do Brasil.
Por conta de todo o seu trabalho à frente da Charanga do Mengão, Jaime foi o chefe oficial da torcida brasileira nas Copas do Mundo de 1950, no Brasil; 1954 na Suíça; e 1966 na Inglaterra.
Funcionário público aposentado, ele permaneceu no comando da Charanga até o seu falecimento, em 4/5/1976, devido a um câncer. Antes disso, passou o comando para a esposa Laura, que manteria o grupo na ativa durante a década de 1980. Nessa época começaram a pipocar outros tipos de torcidas organizadas, mais numerosas e que adotaram rivalidade violenta e ligação política com as diretorias dos clubes. Isso descaracterizou o papel de torcida organizada e a Charanga do Mengão foi perdendo espaço. Como reflexo dos novos tempos o grupo acabou desalojado da arquibancada do Maracanã, indo fazer a sua festa nas cadeiras do anel inferior. Atualmente, a Charanga sobrevive graças à dedicação de integrantes para manter viva a tradição de apoio ao time.


Fonte: http://www.lancenet.com.br/pelofutebol/Charanga-animou-torcida-Flamengo_0_1113488888.html#ixzz2y3fjSSpI