Total de visualizações de página

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O Flamengo e a Charanga

Cunha, 85 anos: 'Tudo mudou, na vida e no futebol. Só uma coisa não muda: o meu amor pelo Flamengo'

Na festa pelo centenário de futebol do Flamengo, um senhor de óculos vestido com a camisa rubro-negra distribuía autógrafos, lembrava os tempos áureos, lamentava a fase atual do time e era requisitado para fotos. Não se tratava de nenhum jogador, mas sim de um dos fundadores da Charanga Rubro-Negra ao lado do falecido Jaime de Carvalho.

- Tudo mudou, na vida e no futebol. Só uma coisa não muda: o meu amor pelo Flamengo – afirmou Antônio Soares de Azevedo, chamado de Cunha por ter sido cunhado de Jaime.

E dizer que Cunha acompanhou a maior parte dos 100 anos de futebol do Flamengo não é exagero. Aos 85 anos e ainda com hábito de fumar seu cigarrinho, o torcedor diz que é rubro-negro antes mesmo de nascer. Extremamente lúcido, ele lembrava um passado de amor, glórias e Maracanã.

- Sou fundador da Charanga junto com o Jaime, exatamente no dia 30 de outubro de 1942. Aos domingos, chegava ao Maracanã às 9h para preparar as bandeiras e com a marmita debaixo do braço – recordou Cunha.



Cunha, como é apelidado, cobra melhores resultados (Foto: Janir Junior / Globoesporte.com)

Como bom torcedor do Flamengo, Cunha não poderia estar satisfeito. Com a idade, acompanha os jogos na medida do possível, mas soltou o verbo:

- É só sofrimento, não aguento mais tanto choro, tanta gozação. A Patricia (Amorim) tem que dar um jeito nisso.

Em certo momento do evento, Antônio Soares foi chamado ao microfone e recebeu exaltações como um dos fundadores da Charanga. Ele ficou emocionado, deu autógrafos e desabafou.

- O centenário do meu clube de coração já foi. Mas se o Flamengo continuar do jeito que está, não sei se vão comemorar o meu centenário, não – disse, com bom humor.




Estreia Avassaladora

Flamengo: Uma estreia incontestável

Em seu primeiro jogo na história, Rubro-negro goleou o Mangueira por 15 a 2


No dia 3 de maio de 1912, o Estádio da Rua Campos Salles, na Tijuca, era palco do primeiro jogo do Flamengo, clube que se tornaria, justamente pelo futebol, o mais amado do Brasil. A partida tinha mando de campo do adversário, o Mangueira, time fundado pelos trabalhadores da fábrica de chapéus Mangueira, mas terminou com um placar muito favorável ao rubro-negro: 15 a 2.

Os jornais da época exaltavam o início da temporada (esta era a primeira rodada) e a expectativa pelo jogo do Flamengo, estreante na modalidade. No entanto, o clima não ajudou muito. Chovia naquela sexta-feira, mas a Nação, que ainda não tinha essa alcunha, já se mostrou presente em bom número, relatou o "Jornal O Paiz" (era realmente escrito com Z).

"A atmosfera, porém, não consentiu que se realizassem esses desejos, e na sexta-feira, o tempo esteve, durante todo o dia, nublado, chovendo à tarde. Apesar disso, foi bem regular o número de pessoas, entre as quais muitas famílias, que ocuparam as arquibancadas da Rua Campos Salles, para assistir ao encontro Flamengo – Mangueira", publicou o extinto jornal.

A chuva também castigou o gramado do Estádio da Rua Campos Salles, mas não foi motivo para impedir o Flamengo de abrir com chave de ouro sua gloriosa história. E o time rubro-negro foi mesmo avassalador.

"Foi dado o sinal para o "kick-off" (chute inicial), cabendo a saída ao Flamengo, que logo ataca o "goal" adversário, fazendo o 1º "goal" em 1 minuto de jogo, marcado pelo "inside left" Gustavo, de um passe de Bahiano. Dada de novo a saída, Gilberto, "center-half" do Flamengo, faz um belo passe a Gustavo, que marca ainda o 2º "goal", depois de cerrado ataque ao gol guardado por Moggey", escreveu a crônica do Jornal O Paiz.

Dois minutos de existência, dois gols marcados. Sem dúvida um início predestinado ao sucesso. O primeiro tempo terminou 5 a 1 para o Flamengo, mas cabia mais, muito mais.

Após cinco minutos de intervalo (era o tempo que davam na época entre o primeiro e o segundo tempo), os times voltaram a campo e o Flamengo iniciou um bombardeio ao gol do Mangueira, que estava situado numa das partes mais enlameadas do gramado.

Já aos 18 minutos, Arnaldo marcava 10 a 1 para o time rubro-negro. Houve um relaxamento do Flamengo e o Mangueira conseguiu diminuir, com um gol de falta. Foi o bastante para acender novamente a chama da equipe estreante.

Foram mais cinco gols assinalados e dois pênaltis perdidos, o que poderia decretar um placar ainda mais elástico. Apito final 15 a 2 e o Flamengo começava a escrever uma das histórias mais bonitas do futebol mundial.

Gustavo foi o artilheiro do jogo, com cinco tentos. Ele marcou o primeiro gol da história do Flamengo. Arnaldo (4), Amarante (4) Borgeth e Galo completaram o marcador.

O Jornal do Commercio analisou a atuação dos jogadores rubro-negros e foi só elogios. Vale ressaltar a parte que o goleiro do Flamengo Baena é citado.

"Pelo Flamengo é justo salientarmos o seu "center-half", Gilberto Lopes, e Coriol, um bom "half" de ala. Além desses jogaram bem, pelo Flamengo, Gustavo e Borgerth. Nery e Píndaro confirmaram seu apreciado jogo. Baena pouco mais teve a fazer do que passear sobre o lamaçal existente na porta do seu "goal", afim de não dormir no campo, porque bolas, ás suas mãos, pouco mais foram do que as duas que entraram", analisou o Jornal do Commercio.

Polêmica do placar

Até pouco tempo, dizia-se que o placar do primeiro jogo da história do Flamengo teria sido 16 a 2 e não 15 a 2 como realmente aconteceu. Uma trabalhosa pesquisa da equipe do Museu Flamengo chegou ao motivo da discordância: um erro tipográfico.

Como não existe documentação das partidas desta época, o trabalho de apurar o passado é de pesquisadores. E, antes desse refinado trabalho de agora, algum desses profissionais havia passado o resultado de 16 a 2.

No entanto, checando todas as publicações da época, percebe-se que o placar é realmente 15 a 2, tendo o Jornal do Commercio inclusive publicado uma errata no dia 5 de maio.

"Pela simples leitura da descripção que demos hontem do match Flamengo – Mangueira se conclue que o score do 1º half time foi de 5x1 e o resultado do jogo 15x2 ao emvez do que por erro typographico sahio publicado", escreveu a publicação (reproduzido pelo Site Oficial exatamente como foi publicado).

Veja a cronologia dos gols da partida:

1’ – Flamengo 1x0 (Gustavo)

2’ – Flamengo 2x0 (Gustavo)

24’ – Flamengo 3x0 (Arnaldo)

30’ – Flamengo 4x0 (Arnaldo)

35’ – Mangueira 1x4 (Octavio)

37’ – Flamengo 5x1 (Gustavo)

4h40’>4h45’ – Intervalo

5’ – Flamengo 6x1 (Gallo)

7’ – Flamengo 7x1 (Amarante)

9’ – Flamengo 8x1 (Amarante)

15’ – Flamengo 9x1 (Amarante)

18’ – Flamengo 10x1 (Arnaldo)

22’ – Mangueira 2x10 (Levy)

25’ – Flamengo 11x2 (Gustavo)

29’ – Flamengo 12x2 (Arnaldo)

31’ – Flamengo 13x2 (Amarante)

33’ – Flamengo 14x2 (Borgerth)

35’ – Flamengo 15x2 (Gustavo)"

Confira a escalação das equipes

Flamengo: Baena; Píndaro, Nery; Coriol, Gilberto, Gallo; Bahiano, Arnaldo, Amarante, Gustavo, Borgerth.

Mangueira: Moggey; Rebeto, Sylvio; Walter, Routt, Plaisant; Roemu, Levy, Octavio, Campos, Tangerina.

Fonte: http://www.flamengo.com.br/site/noticia/detalhe/15472/flamengo-uma-estreia-incontestavel

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Flamengo: campeão de futebol de areia

Após o empate no tempo regulamentar e na prorrogação, Rubro-Negro bate Trem Bala da Areia por 3 a 2 nos pênaltis, nesta terça, na Arena da Gávea

Em um duelo equilibrado, debaixo de muita chuva, o Flamengo venceu o Vasco da Gama no clássico carioca e sagrou-se campeão do Brasileiro sub-23, invicto, nesta terça-feira, na Arena da Gávea, no Rio de Janeiro. Greg (3), Matheus e Filip marcaram para o Rubro-Negro, enquanto Mauricinho, Anaílton, Catarino, Caio e Luquinhas anotaram para o Trem Bala da Areia. Após o empate por 4 a 4 no tempo regulamentar, e 5 a 5 na prorrogação, o dono da casa superou seu maior rival por 3 a 2 na disputa de pênaltis. A derrota amarga do time da Colina veio apenas dois dias depois do vice-campeonato na Taça Rio, no futebol de campo, gerando muitas provocações da torcida local. Na preliminar, o Sport-Recife bateu o Bahia por 4 a 0 e garantiu o terceiro lugar no pódio.

- É preciso ressaltar que a nossa preparação foi fundamental para a conquista do título, estamos há um mês fazendo todos os tipos de treinos físicos e táticos. Além disso, a união do grupo foi impressionante, nunca havia jogado num time assim. Estávamos muito focados e sinto que a nossa camisa pesou na final. Acreditamos na vitória até o fim e fizemos história do clube. Ser campeão em casa, com essa torcida maravilhosa, é inexplicável, não tenho palavras para descrever essa sensação - disse o capitão rubro-negro Greg, o maior destaque da decisão.


Jogadores do Flamengo comemoram o título do Campeonato Brasileiro sub-23 (Foto: Ana Carolina Fontes)
O jogo

Após uma arrancada espetacular, o rubro-negro Matheus soltou a bomba para balançar as redes e abrir o placar em casa, aos dois minutos. Por pouco, o Vasco não deixou tudo igual com Luquinhas, que emendou um cruzamento na área e bateu cruzado, mas o goleiro Willian fez boa defesa. O empate veio com um chute de longa distância do arqueiro cruzmaltino Anaílton, aos quatro. A virada do time da Colina aconteceu 20 segundos depois, com um tiro de canhão de Catarino do meio de quadra: 2 a 1. O Flamengo levou perigo à meta do rival em jogadas de bola parada, mas a bola não entrava. Aproveitando a bobeada da defesa anfitriã, o camisa 9 Caio dominou e encheu o pé, ampliando para os visitantes. A resposta veio logo na saída de bola, com um chute certeiro no cantinho, sem chances para Anaílton: 3 a 2.

O segundo período começou truncado, com lances de perigo para ambos os lados. A chance mais clara de gol saiu do pé do rubro-negro Pedro, que bateu rasteiro no cantinho esquerdo e a bola arrancou tinta do travessão, aos cinco. Sem deixar o dono da casa crescer na partida, o camisa 10 Mauricinho emendou um cruzamento na área com um chute forte, anotando o quarto do Trem Bala da Areia: 4 a 2. O Flamengo tentou responder com uma bomba na saída de bola, mas Andrezinho afastou o perigo na linha do gol, salvando o time da Colina. Em uma cobrança de falta, o capitão Greg lançou um tiro de canhão para anotar o terceiro, aos oito. A 46 segundos do fim da etapa, Fred levou o segundo cartão-amarelo depois de cometer uma falta no arqueiro cruzmaltino e acabou sendo expulso de quadra.

Eleito o melhor jogador da competição, Greg quase diminuiu em mais uma cobrança de falta, no primeiro minuto do terceiro período. Aos quatro, o alvinegro Douglinhas emendou um cruzamento com uma bomba, mas a bola espirrou no travessão e foi para fora. A dois minutos do fim, Greg, sempre ele, soltou um tiro de canhão para empatar: 4 a 4. Com tudo igual no tempo regulamentar, o duelo precisou ser decidido na prorrogação. Logo no início, Luquinhas aproveitou o rebote e encheu o pé para marcar o gol da virada: 5 a 4. Mas não deu nem chance de comemorar. Em um dia inspirado, Greg apareceu novamente para dar uma pancada com endereço certo e anotar o quinto. Nos pênaltis, Léo, Greg, e Filip garantiram a vitória dos anfitriões, enquanto Mauricinho e Catarino descontaram para os visitantes.