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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Você Entrevista: Nunes parte II

"Meu gol mais bonito foi contra o Atlético-MG". Leia a parte final da entrevista, com as respostas do 'Artilheiro das Decisões' às perguntas dos internautas
Da equipe do site oficial do Flamengo

Aqui está a segunda e última parte das respostas de Nunes às perguntas selecionadas nesta novidade da agência Fla, o "Você Entrevista". As questões foram enviadas por e-mail para o site oficial e passaram por uma seleção - dado o volume de mensagens.

Gustavo Arruda, bancário, 31 anos, Blumenau (SC) - Nunes, poucos jogadores no Flamengo tiveram sucesso com a camisa 9 ao longo da história. Dizem até que ela é azarada. O que você acha que precisa para ser um bom camisa 9?
Nunes: Bom, o Gustavo tem razão naquilo que ele está colocando. Não é qualquer jogador que veste a camisa do Flamengo, certo. E eu vim da base do Flamengo. Desde pequeno que eu joguei junto com o Zico. Então, a gente já se conhece não por acaso, já de muitos anos. E mesmo nos juniores, a gente jogou junto e fez uma dupla perfeita. E isso nós levamos até o profissional. Eu tive que sair, estourei a idade, aí fui aparecer como profissional já no Nordeste e, depois, eu voltei para a Gávea. O Zico estava me esperando. Então, chegou o centroavante certo para jogar ao lado dele. Por isso que tudo deu certo.

Myllio Castelo Branco, 35 anos, economista, Belém (PA) - Nunes, você acha que no futebol de hoje ainda existe jogador que nem você, que tem amor pelo clube e fica eternizado?
Nunes: Com certeza. É só questão do jogador ter essa consciência. A prova taí. O Adriano começou, foi embora, não aguentou - essa que é a realidade. Não aguentou ficar por lá e voltou para o Rio e está aí no time que ele ama, e a gente tem o maior carinho por ele. O Clube tem que fortalecer as suas bases para poder resgatar esse amor pelo jogador pelo clube. Porque só dessa maneira você consegue. O Flamengo sempre teve uma boa base, sempre teve uma sintonia muito grande, da base com o profissional, e o Flamengo
não poder perder isso.

Marcos Aurelio Brito Santo, 44 anos, segurança, Rio de Janeiro (RJ) - É verdade que alguns dos gols mais importantes você fez de canela?
Nunes: Se ele for flamenguista, ele sabe que não foi dessa maneira. Foi bem feito, com a perna direita, com a perna esquerda, de cabeça e bem consciente.

Hildebrando Costa, de Contagem (MG) e Ricardo Araujo, 30 anos, advogado, Timbó (SC) - O que você acha de jogadores de um clube receberem "mala branca" - receber dinheiro para se esforçar mais, vencer uma partida em benefício de um outro clube?
Nunes: Eu acho que o jogador que chega a esse ponto, eu não considero um profissional. O jogador de futebol tem que ter caráter, saber ser profissional e procurar não deixar que pequenas coisas atinjam ou manchem a profissão do jogador.

Carlos Victor L. Nogueira, 47 anos, despachante aduaneiro, Manaus (AM) - Explica como foi sua passagem pela base do FLA, como foi que saiu, não foi aprovado, faça um histórico, até voltar para o nosso Mengo?
Nunes: Eu cheguei ao Flamengo com 14 anos de idade. Fiz toda a base do Flamengo até completar 19 anos. Cheguei ao Exército, aí estourei a idade no Flamengo. E o Flamengo não me aproveitou na época porque tinha o Doval, o Caio Cambalhota, Dionísio, Silva. Tinha vários centroavantes e eu era mais um que tinha estourado a idade nos juniores e havia quatro ou cinco na posição. O Flamengo, realmente, não é que não tenha acreditado. O Flamengo falou: "Vai fazer o quê? Vai ser mais um que vai ficar? Então, vamos dispensar". E mandou embora. E o ex-massagista do Flamengo, Mineiro, me disse: "Olha, o Confiança do Aracaju tem um treinador que se chama Dequinha. Dequinha simplesmente jogou no Flamengo. E pediu um centroavante. Você quer ir pra lá?". Eu disse: "Vou!". E ele disse: "Vou escrever uma carta com o seguinte: 'Dequinha, encontrei o centroavante que você queria'". E me entregou a carta e eu fui. E fui lá para o Confiança e graças a Deus dei sequência ao que tinha aprendido na base do Flamengo e a lição de vida e a base que eu tive dentro do Exército, de disciplina, fez com eu desse aquela arrancada, com profissionalismo e segurança. E eu disse: "Eu vou vencer porque quero ser jogador de futebol". Estourei no futebol brasileiro. Um ano depois já havia vários clubes querendo me contratar - o Flamengo, o Vasco, o Corinthians, o São Paulo, o Fluminense, Bahia. E eu jogando no Santa Cruz. Aí, o Fluminense foi lá e me comprou. Depois eu fui para o México. Aí, o Flamengo foi me buscar no México. O Flamengo foi me buscar na hora certa e eu cheguei na hora certa para conseguir todos esses objetivos e, graças a Deus, eu sou uma pessoa feliz. Alguns dos maiores gols da história do Flamengo, em decisão, eu que fiz. Tenho orgulho de estar na história do Flamengo, saber que sou uma pessoa reconhecida não só no futebol brasileiro, mas na Nação Rubro-Negra - sou um ídolo. E meu nome está inscrito na história do Flamengo. Enquanto existir o Flamengo, eu nunca vou me separar.

Diogo Rozendo da Silva, 27 anos, extrusor, Jequié (BA) - Se você estivesse jogando hoje, qual seria seu parceiro ideal no ataque?
Nunes: Zico (risos).

Geraldinho Sátyro, 60 anos, motorista, São Mateus (ES) - Você sente saudade daquele calor da galera e de jogar?
Nunes: Eu sou artilheiro do master (risos). Continuo artilheiro, mesmo com 50 e poucos anos, fazendo a festa da galera. Na hora que chegamos nas cidades, para se ter uma ideia, chega a ter 10, 20 mil torcedores no estádio. Para se ver o carinho, o respeito e a importância que nós temos para a torcida do Flamengo. Isso aí não tem coisa melhor que o carinho. Ver essa nação perto da gente. Todo mundo sente falta - tanto a torcida como a gente.

Renato Vasconcelos Ribeiro, 32 anos, cirurgião dentista, Vila Velha (ES) - Qual foi o gol mais bonito pelo Flamengo?
Nunes: Todos foram bonitos. Tanto eu como a torcida do Flamengo temos aquele contra o Atlético-MG, porque ali começou a arrancada para todos os objetivos que nós conseguimos.

Davis Sena Filho, 50 anos, jornalista, Rio de Janeiro (RJ) - Quais foram os maiores zagueiros que você enfrentou? Os mais técnicos e os que mais batiam?
Nunes: Eu comecei numa época que só tinha zagueiro que metia a porrada, mesmo (risos). Moisés, Renê, Abel, Assis, Silveira, Roberto Rebouças do Bahia, Anchieta, Figueroa... Rapaz, só nego que metia a madeira, mesmo. Mas comigo não tinha essa, não. Se eles mexessem comigo, eu metia madeira neles também. Claro que sempre fui um jogador que tinha um vigor físico muito forte porque eu me preparava e muito. E zagueiro para me achar era difícil porque eu não dava sossego, eu não parava dentro de campo, eu não aceitava marcação, eu me movimentava muito. Por isso que eles tinham muita dificuldade de me marcar porque a minha movimentação era meu ponto forte. Eu gostei muito do Figueroa; Anchieta tinha uma elegância; Luisinho, do Atlético-MG; o Amaral, do Guarani. Esses foram excelentes jogadores.

Rafael Cotta, 26 anos, assistente de marketing, Rio de Janeiro (RJ) - Aquela foto famosa em que aparecem você e o goleiro Emerson Leão, quando este jogava pelo Grêmio. Você aparece apontando o dedo para ele. O que houve ali naquela cena? O que ele falou para você?
Nunes: O lance que aconteceu com o Leão, naquela decisão Flamengo e Grêmio, foi algo que aconteceu de repente. Não pode existir covardia. E o Leão fez uma covardia comigo. Teve um lance, não sei se foi o Zico ou o Andrade que lançou a bola para mim, que eu corri, só que a bola foi mais para o Leão do que para mim. Eu evitei me chocar com ele. Ele simplesmente dominou a bola e me esperou com o cotovelo. Bateu na minha boca e cortou. Aí, falei para ele: "Pô, Leão, precisava fazer isso? ". E ele: "Ah, você que começou a fazer gracinha". Aí eu disse: "Ó, da próxima vez que você soltar a bola, eu vou chutar a sua cara". Eu achei uma covardia da parte dele, não tinha necessidade. E ele tentou jogar a torcida do Grêmio contra mim, dizendo que eu tinha chamado a torcida do Grêmio de canalha. Jamais que eu ia fazer uma coisa dessas. Tentou criar um clima ruim e isso me deixou chateado. Nós não conseguimos dormir lá [em Porto Alegre] no segundo jogo, que empatamos de 0 a 0, numa quarta para quinta-feira porque a torcida estava soltando fogos, chateada porque pensando que eu tinha falado isso. E na noite seguinte fomos para Gramado, subimos a Serra, por causa dessa situação. Mas simplesmente ele tentou, mas não conseguiu [me abalar]. No domingo, nós retornamos para jogar a decisão no Olímpico e foi pior ainda. Todo mundo que descia era aplaudido. Quando eu desci, a torcida começou a me xingar e eu comecei a dançar. Aí eu disse: "Agora vou encarar". E eu não sabia que o Zico tinha falado para a TV que o placar seria 1 a 0, gol do Nunes. E foi o que aconteceu: 1 a 0, gol do Nunes. Eu não sabia que Zico era vidente (risos).

Elias da Silva Santos, 48 anos, funcionário público, Tucano (BA) - Nunes, na final do Mundial de clubes contra Liverpool, você e o Zico, ganharam um automóvel de da Toyota de presente. Zico dividiu o prêmio com os companheiros. É verdade que você não fez o mesmo?
Nunes: Quem ganhou o carro foi o Zico como melhor em campo. E o segundo carro, eu, como artilheiro e destaque em campo. Um carro era do Zico e outro do Nunes. Cada um recebeu sua participação. Todo mundo botou seu dinheiro no bolso e ficou feliz.

Fonte: http://flamengo.com.br/site/noticias/noticia.php?id=7158

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