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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Herói do Flamengo no jogo 3, Fred busca inspiração na família para ir atrás do título

Armador reserva do Rubro-Negro, que enfrenta o Brasília neste domingo, recebe o GLOBOESPORTE.COM em seu apartamento na Barra da Tijuca

Clícia Oliveira e Rodrigo Alves
Rio de Janeiro

"Bad Disc". Fred olha o aviso piscando na tela e, meio decepcionado, percebe que há algo errado com aquele DVD de capinha amarela. Depois de ralar por mais de duas horas no forte treino de quarta-feira, tudo que ele queria era recostar no sofá do apartamento em um condomínio da Barra da Tijuca, no Rio, e curtir a gravação do jogo 3 entre Flamengo e Brasília, pela final do NBB. "Bad Disc", e o armador continua sem ver as imagens do último domingo, quando foi alçado à condição de herói por 13 mil fanáticos torcedores rubro-negros.

Com a mira calibrada e uma defesa incansável, Fred foi a fagulha que detonou a reação do Flamengo após o intervalo da terceira partida. Com a vitória que deu ao time a vantagem de 2 a 1 na final, o armador reserva se viu cercado por microfones, gravadores e pequenos fãs em busca de uma foto. Aos 29 anos, no entanto, ele sabe que não dá para deitar na glória a esta altura do campeonato. No domingo, será preciso matar outro leão no jogo 4, em Brasília. Mais um triunfo do Fla no fim de semana, aí sim, vale a festa do título.

Já que o DVD com as imagens da partida não funcionou na tarde de quarta-feira, Fred bateu um papo descontraído com o GLOBOESPORTE.COM embalado por outra trilha sonora: as risadas da filha Rebeca, uma espoleta de 2 anos que corre pela sala balançando os cabelos curtos, se joga nas almofadas e não tem medo de puxar o rabo do Alan, um labrador mais alto que ela (veja o vídeo ao lado).

- Fico com o coração mole mesmo, ela é muito carinhosa comigo. Agora, com a escola, é mais difícil ir aos jogos, mas sempre que dá ela vai, canta as músicas da torcida, fica com os outros jogadores. O tio Duda, o tio Baby, todo mundo adora a Rebeca – conta o pai coruja.

Fred e os “tios” rubro-negros viajaram um bocado ao longo do NBB, deixando Rebeca em casa com a mãe, Tamara, que segura a barra enquanto o marido está fora. É ela que acorda no meio da noite a qualquer tosse da filha, mas isso não significa sono tranquilo para o armador.

- Já cansei de jogar zumbi no domingo de manhã. Por mais que a Tamara cuide dela à noite, eu fico ligado o tempo todo, não adianta. Mas isso nunca me atrapalhou, é uma alegria muito grande. São as duas que me aturam todo dia, devo muito a elas – admite o jogador.

Sou flamenguista de verdade, de torcer na arquibancada do Maracanã (Fred)"
Tamara jogou vôlei até os 17 anos, quando conheceu Fred no basquete do Fluminense. Hoje, de malas prontas para ver o jogo 4 em Brasília, ela é a torcedora número 1 do marido. Na alegria e na tristeza.

- Quando ele perde, tenho que ouvir o resto da noite, é preciso ter bastante jogo de cintura. Fico nervosa nos jogos, mas não sou muito de gritar e esbravejar. Ir ao ginásio é um dos meus programas favoritos, só não vou quando não tenho com quem deixar a Rebeca. O Fred é o amor da minha vida, meu companheirão, está sempre ao meu lado – derrete-se a esposa.

As outras paixões do jogador – o basquete e o Flamengo – nasceram há mais de duas décadas, separadas por apenas alguns meses. Em agosto de 1987, ele viu a bola laranja pela primeira vez nas mãos de Oscar e Marcel, quando o Brasil foi campeão pan-americano batendo os Estados Unidos em Indianápolis. Em dezembro, nos gramados, o Rubro-Negro levantou o polêmico título da Copa União e conquistou o pequeno torcedor. Naquela época, Fred morava no Acre, onde nasceu, e nem imaginava que, 20 anos depois, teria seu nome gritado pela torcida do Fla em uma quadra de basquete.

- Sou flamenguista de verdade, de torcer na arquibancada do Maracanã. É diferente jogar aqui, a torcida traz uma energia muito boa – avalia o armador, que passou a infância na acreana Cruzeiro do Sul, apesar de ter pai niteroiense e mãe de Barra do Piraí, interior do Rio.

No Flamengo desde 2007, ele foi titular no ano passado e hoje é considerado o sexto homem do elenco, que geralmente sai do banco para mudar o rumo da partida. Campeão sul-americano de clubes e a um passo do título do NBB, o “baixinho” de 1,84m – é ele quem garante os quatro centímetros além do registro oficial – atravessa ótima fase, mas sofreu no início do torneio, quando os salários chegaram a ficar quatro meses atrasados.

Quando ele perde, tenho que ouvir o resto da noite, é preciso ter jogo de cintura. O Fred é o amor da minha vida, meu companheirão (Tamara)"
- É difícil, até porque você tem uma família, um monte de coisas para pagar. Fica apertado, você se sente mais nervoso até dentro de casa. Mas não adianta ir para o fundo do poço e passar isso para dentro da quadra. No jogo, ninguém lembra de salário. Só pensamos em ganhar daqueles caras do outro lado – garante.

No domingo, os “caras do outro lado” serão Alex, Valtinho & Cia. A vitória sobre o Brasília vale a taça para o Fla, mas a qualidade do elenco rival faz Fred espantar o clima de “já ganhou” sem pensar duas vezes. A pequena Rebeca, no entanto, já ameaça cantar a música da torcida rubro-negra no colo do pai: “Vai para cima deles, Mengo”. Só ameaça, porque no meio da frase ela lembra que ainda precisa correr, pular, se jogar nas almofadas, puxar o rabo do Alan...

Fonte: http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Basquete/0,,MUL1200012-16722,00-HEROI+DO+FLAMENGO+NO+JOGO+FRED+BUSCA+INSPIRACAO+NA+FAMILIA+PARA+IR+ATRAS+DO.html

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