Total de visualizações de página

terça-feira, 15 de novembro de 2016

O TRI NACIONAL







O tri nacional

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com direito a goleada na decisão


O Flamengo vivia seu auge. Nos três anos anteriores, havia conquistado dois campeonatos brasileiros, uma libertadores e um mundial. O posto de time a ser batido era rubro-negro. O clube iniciou a disputa com mudanças em relação aos elencos campeões nos anos passados.
Entre os principais jogadores, Tita e Nunes deixaram o Flamengo. Chegaram outros grandes atletas, como Baltazar, Robertinho e os jovens Júlio César Barbosa e Bebeto, promovidos das categorias de base.
A fórmula do certame foi semelhante à dos anos anteriores. Na primeira fase, os 44 times participantes foram divididos em grupos com 5 integrantes cada. Depois de se enfrentarem em turno e returno, os três primeiros avançaram para uma segunda fase de grupos. Se juntaram a eles os quatro melhores colocado da segunda divisão - a Taça de Prata - e quatro vencedores da repescagem entre os quartos colocados. Os clubes foram divididos em grupos com quatro integrantes cada. Novamente, confrontos em turno e returno. Os dois primeiros colocados de cada um dos oito grupos se classificaram a uma terceira fase de grupos, divididos em quatro grupos de quatro times cada. Finalmente, os dois primeiros colocados dos grupos da terceira fase passaram à fase de mata-mata, onde jogaram quartas, semi e final.
 
A disputa começou com vitória convincente sobre o Santos. O estreante Baltazar fez o segundo gol, depois que Zico abriu o placar. Ao bom resultado, se sucederam dois tropeços. O Flamengo empatou com Moto Club-MA e Rio Negro-AM, em ambas as oportunidades por 1 a 1. Em mais um confronto no norte do país, o Paysandu não foi páreo para aquele time, que se recuperou com boa vitória por 3 a 1. Os empates do primeiro turno foram devolvidos com juros. O Moto Club tomou 5 a 1 e o Rio Negro, 7 a 1. Foram duas goleadas para reafirmar a força do Flamengo, com grandes atuações coletivas. Baltazar se adaptou rapidamente ao time e fazia muitos gols. Adílio, Zico e Andrade mantinham a classe de sempre. Depois de vencer novamente o Paysandu por 3 a 2, o Rubro-Negro foi ao Morumbi e, frente ao forte Santos de Paulo Isidoro, Pita e Serginho, acabou perdendo pelo mesmo placar. Mesmo assim, passou confortavalmente de fase, na segunda colocação.

Para a segunda chave do campeonato, o Flamengo foi sorteado no grupo com Americano, Palmeiras e Tiradentes-PI. O Rubro-Negro estreou vencendo a equipe piauiense na casa do adversário. Zico fez dois belos gols, Andrade completou o placar e o Fla fez 3 a 1. O placar foi o mesmo no jogo contra o Palmeiras, mas contra o Mais Querido.

O Mengão se recuperou com boa vitória sobre o Americano, por 3 a 0. O Tiradentes foi derrotado mais uma vez, agora no Maracanã. Depois de empatar com o Palmeiras e com o Alvinegro de Campos, o Flamengo se garantiu na segunda colocação e passou à terceira fase.

O grupo, desta vez, era formado por Corinthians, Goiás e Guarani. Depois de vencer Goiás e empatar com o Goiás, o Mais Querido estreou seu novo treinador: Carlos Alberto Torres. O Capita teve um começo dos sonhos. No Maracanã, o Flamengo goleou o Corinthians por 5 a 1. No encontro entre dois dos maiores ídolos do futebol na época, Zico triunfou sobre Sócrates. O Galinho balançou as redes duas vezes. No primeiro, recebeu lindo passe de chaleira de Júlio César e mandou pro gol. No segundo, cobrou falta e mandou a bola com muita força, rasteira, no canto oposto. O placar ficou ainda mais elástico com Adílio. O Rubro-Negro já dominava o jogo e, após bela troca de passes, Baltazar fintou e cruzou. Lá estava o Brown, que botou para dentro. Mozer acertou belo cabeceio, sem nenhuma chance para o goleiro, e fez 4 a 0. Para fechar o caixão, Élder recebeu lançamento perfeito de Zico, deu drible genial em Leão e fez o quinto. O Corinthians diminuiu no fim do jogo, mas o estrago estava feito. 


A confirmação da vaga na fase de mata-mata veio com vitória por 2 a 0 sobre o Guarani. Em seguida, empatou mais uma vez com o Goiás, que ficou na segunda colocação, e perdeu para o Corinthians. 

Chegava a hora da verdade no Brasileirão. E o Flamengo decidiria seu primeiro mata-mata logo contra um gigante rival: o Vasco. O duelo de dois timaços. O Cruzmaltino tinha em Roberto Dinamite seu maior craque e não foram jogos fáceis. Cada partida das quartas de final foi presenciada por mais de 110 mil pessoas no Maracanã.

O jogo de ida foi melhor para o Flamengo. Após belíssima troca de passes, Adílio surgiu frente a frente com o goleiro e botou a bola no canto para abrir o placar. O rival conseguiu empatar ainda no primeiro tempo. Mas ali estava um time destinado ao título. Na segunda etapa, o zagueiro Marinho subiu pela direita, aplicou belo chapéu e cruzou. O goleiro vascaíno falhou e a bola chegou a Júlio César, que só precisou de um toque para botar para dentro.

Na volta, prevaleceu a garra rubro-negra. O Vasco abriu o placar no primeiro tempo e ia revertendo a vantagem conquistada pelo Flamengo. Aos 44 do segundo tempo, já no fim, um contra-ataque. Élder tocou de calcanhar, Adílio avançou e, quando o goleiro saiu, tocou para Zico, que não desperdiçou. O cracaço deu mais uma demonstração de seu amor pelo vermelho e preto na comemoração, extravasando sua alegria e ajoelhando na bandeira de escanteio. O empate levou o Flamengo à semifinal.

Um confronto de rubro-negros antes da final. O adversário foi o Atlético-PR, que tinha na dupla Assis e Washington sua base. No jogo de ida, o Flamengo fez valer da sua força e da torcida de mais de 100 mil pessoas no Maracanã. O 3 a 0, com dois de Zico e um de Vitor, deram uma bela vantagem. Na volta, dois gols rápidos de Washington deram um susto no Mais Querido. O Furacão pressionava e o que parecia impossível estava cada vez menos difícil. Mas a pressão da equipe paranaense não foi suficiente e a vaga na final ficou com o Rubro-Negro carioca.

E o Brasileirão terminaria com o mesmo confronto que o iniciou. O Flamengo enfrentaria o Santos na decisão. 

O Morumbi foi lotado por mais de 114 mil espectadores para o primeiro jogo. O Flamengo começou criando as primeiras chances, mas não abriu o placar. Com 25 minutos de jogo, Camargo cobrou escanteio, a zaga afastou e Pita fez um golaço, com chute indefensável da entrada da área. O Santos aumentaria sua vantagem no segundo tempo. Serginho Chulapa aproveitou rebote e fez 2 a 0. Pouco depois, Baltazar diminuiu. Após bagunça na área, Adílio tentou fazer e a bola ia nas mãos do goleiro Marola, mas Baltazar conseguiu desviá-la de cabeça.
A vantagem mínima do Santos animou a torcida rubro-negra. O Maracanã recebeu 155.253 pessoas para o jogo decisivo - o maior público da história do campeonato brasileiro. Logo no primeiro lance, em grande jogada coletiva, a bola chega ao ataque. Júlio César dribla Toninho Oliveira e cruza. Baltazar é travado na hora do chute, Marola defende o rebote de Júnior, mas comete erro fatal: solta a bola no pé de Zico, que consegue botar para dentro. Um gol cedo para acabar com a superioridade adversária no placar era o que o Flamengo mais precisava e aquilo animou os rubro-negros.

O que se segue é uma das maiores atuações da história rubro-negra. O Santos não consegue respirar no Maracanã. O Flamengo domina todas as ações com a qualidade de seus jogadores e a força da sua torcida. Adílio aparece com sua qualidade absurda em um nível sobrehumano, ditando o ritmo do jogo. No fim da primeira etapa, Zico cobra falta da lateral da área e Leandro acerta cabeceio muito forte e estufa as redes mais uma vez. 2 a 0 e o título cada vez mais perto. O lateral quase fez o terceiro gol do Flamengo no lance seguinte, mas chutou no travessão. Mas o autor do tento final tinha que ser o camisa 8.

Depois de um segundo tempo em que o Santos ensaiou uma reação, impedida pela defesa rubro-negra, já no fim do jogo Robertinho passa pela direita, ganha a bola, dribla bonito e cruza com muita categoria. Adílio se joga de peixinho e bota para dentro - um dos lances mais emblemáticos da história do Flamengo. O Neguinho Bom de Bola saiu em disparada, comemorando com os braços abertos, como que tentando abraçar todos aqueles rubro-negros que comemoravam nas arquibancadas a conquista do terceiro título brasileiro.

Nenhum comentário: