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terça-feira, 15 de novembro de 2016

FLAMENGO É HEXA!

Vencer, vencer, vencer; vencer, vencer, vencer

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Depois de 17 anos, o Flamengo volta a conquistar o Campeonato Brasileiro e é hexacampeão nacional 

 

Vencer, vencer, vencer, vencer, vencer, vencer
Depois de 17 anos, o Flamengo volta a conquistar o Campeonato Brasileiro e é hexacampeão nacional
Depois do Maestro Junior levantar a taça do Campeonato Brasileiro em 1992, foram 17 anos de espera até que os mais jovens rubro-negros pudessem comemorar um título nacional. Mas o destino caprichou na hora de levar novamente este troféu para a Gávea. Com os capítulos Quebra de Tabu, Técnico Ídolo da Casa, Craques Protagonistas de Volta, Coadjuvantes Brilhando, Torcida Jogando Junto, Maior Mosaico do Mundo e Gol do Título de Ronaldo Angelim foi escrito O Flamengo Hexacampeão.

Início da temporada
 
O ano de 2009 começou com a torcida pressionando o Flamengo por estar fora da Taça Libertadores da América, já que a equipe tinha terminado o Brasileirão 2008 em um frustrante quinto lugar, a apenas um ponto da zona de classificação. Mas é na adversidade que o Flamengo cresce e a pressão muitas vezes traz bons resultados ao time Mais Querido do Mundo. Naquele ano, pela primeira vez na história, o Mengo conquistaria o título nacional e o Campeonato Carioca na mesma temporada. O estadual deu o quinto tricampeonato ao clube e foi a 31ª conquista do Flamengo na competição, que passou a ser o maior vencedor da história do torneio. 
 
No primeiro jogo do ano, uma magra vitória por 1 a 0 sobre o Friburguense, no Maracanã. No segundo, mais três pontos sem sobras, com um 2 a 1 sobre o Bangu, em Volta Redonda. Mas depois de um janeiro com 100% de aproveitamento, março reservava uma surpresa desagradável. Nas semifinais da Taça Guanabara, em pleno sábado de carnaval, uma derrota de 3 a 1 para o Resende deixou um Maracanã lotado atônito. Na decisão do primeiro turno do Carioca, acabou dando Botafogo. Na Taça Rio, com raça e determinação - além de motivados pelo capitão Fabio Luciano, que havia comunicado sua aposentaria ao final do Carioca -, os rubro-negros ganharam força e retomaram o caminho das vitórias, chegando à decisão do segundo turno. O Alvinegro só precisava de uma vitória para levar o estadual, já que havia conquistado a Taça Guanabara. Mas deu Flamengo. O zagueiro alvinegro Emerson marcou contra e deu o gol da vitória ao Rubro-Negro, que disputaria mais um jogo com o rival para decidir a finalíssima do Estadual. Em um jogo emocionante, outro empate por 2 a 2, outra decisão por pênaltis e outra vitória do Mais Querido. Era o quinto tricampeonato estadual da história do clube, que conquistava seu 31º título estadual e assumia o posto de maior vencedor da história da competição.
 
Reformulação no futebol
 
A eliminação para o Internacional na Copa do Brasil, os rumores de crise entre treinador e jogadores e os resultados negativos que começaram a aparecer no Brasileirão resultaram em mudanças no futebol. Andrade assumiu o posto de treinador, inicialmente como interino, e Marcos Braz o de vice-presidente de Futebol. Ibson e Fabio Luciano precisavam de substitutos e jogadores lesionados precisavam de reposição. Chegaram David, Álvaro e Maldonado para o setor defensivo e Denis Marques e Gil para o ataque.

Deixou chegar
 
Com o decorrer da temporada, a equipe foi se acertando e embalou de vez com dez jogos de invencibilidade. Um pequeno susto na derrota para o Barueri interrompeu a sequência, mas que não foi obstáculo. Palmeiras, São Paulo, Atlético-MG, Grêmio, Cruzeiro... os adversários na luta pelo título tropeçavam e o Flamengo só subia na tabela, deixando de vez a proximidade com a zona do rebaixamento e começando um namoro sério com o G-4 - que virou casamento. Já firme na zona de classificação para a Libertadores, o que era sonho se tornou palpável: a briga nas três últimas rodadas era sem dúvidas pelo título.
Chegou a 36ª rodada. Flamengo x Goiás. Maracanã lotado, torcida em êxtase com o maior mosaico do mundo, São Paulo derrotado pelo Botafogo e a necessidade de apenas uma vitória para assumir a liderança. Se o início do jogo foi absolutamente fantástico no momento em que os milhares de braços se ergueram para lembrar que A Maior Torcida do Mundo Faz a Diferença, o apito final do juiz que decretou o empate sem gols foi um banho de água fria nos ânimos da Nação. Mas foi justamente o Goiás que, na rodada seguinte, acabou favorecendo o Flamengo: o Esmeraldino goleou o Tricolor Paulista por 4 a 2 no Serra Dourada, enquanto o Mengão bateu o Corinthians por 2 a 0, em São Paulo. A combinação dos resultados deixou o Rubro-Negro na liderança faltando uma rodada para o fim.

Que torcida é hexa
 
Cada minuto que separava a penúltima rodada da derradeira partida do Brasileirão parecia durar os 17 anos de espera desde o último título. O Brasil respirava Flamengo, que era mais assunto que sempre nas páginas dos encartes jornalísticos de esporte. Nunca demorou tanto para chegar domingo. E ficou reservado ao eterno camisa 6 da Gávea ser o técnico da conquista do sexto campeonato nacional no dia seis de dezembro.
 
Rio de Janeiro, Estádio Mário Filho, 17h. No placar, os nomes de Flamengo e Grêmio aguardavam quais seriam os números que completariam o letreiro ao apito final. Bola rolando, arquibancada com os nervos à flor da pele. Logo aos dois minutos, a bola passou perigosamente próxima à meta de Bruno. Do outro lado, Zé Roberto deu um lançamento magistral para Adriano, que desperdiçou. O sentimento de que ninguém tiraria aquele título do Flamengo era forte, mas, quando o cronômetro apontava os 21 minutos, Roberson cabeceou a bola alçada em cobrança de escanteio para abrir o placar para o Tricolor Gaúcho. Como doeu ver o balançar do Véu de Noiva. Enquanto os rubro-negros tentavam entender como aquilo poderia estar acontecendo, a bola ia de pé em pé no gramado, em busca do empate. E apesar de parecer que tinham se passado horas, apenas oito minutos depois Adriano recebeu dentro da área, disputou com o zagueiro e pediu pênalti. Mas o Imperador não precisava se preocupar: na sobra, o zagueiro David Braz arrematou de pé direito acertou no canto de Marcelo Grohe. Tudo igual no Maraca. Mas o primeiro tempo não terminou antes de mais um susto, afinal, está no Estatuto - só pode - que todo jogo do Flamengo tem função de teste cardíaco. Aos 41 minutos, o Grêmio balançou a rede mais uma vez, mas graças a São Judas Tadeu - e, é claro, ao mal posicionamento do ataque tricolor e à correta marcação de impedimento do auxiliar - não valeu. 
 
Na etapa complementar, Léo Moura, Petkovic e Adriano ficaram muito perto de virar o jogo. Mas foi de um zagueiro a honra de marcar o gol do título. Logo dele, cuja maior vaidade é ver o Flamengo vencer. Logo ele estaria eternizado na história do seu clube de coração como o autor do tento que decretou o hexacampeonato rubro-negro. Aos 24 minutos, o camisa 43 bateu o córner e, com a técnica que lhe é peculiar, fez a bola se encontrar com a cabeça de Ronaldo Angelim, o responsável por tirar da garganta de 84 mil pessoas o grito de gol mais aguardado do ano. Enquanto Pet dava uma cambalhota de felicidade na junção da linha lateral com a de fundo, o Magro de Aço comemorava seu feito com a espontaneidade de um torcedor. Se dependesse de qualquer flamenguista, o jogo acabava ali mesmo. Mas ainda tinham mais momentos de tensão previstos no regulamento... Até que o árbitro olhou para o relógio e viu que já tinham passado mais de 48 minutos do segundo tempo antes de soar o apito. Nessa altura, o coração já não cabia no peito e as lágrimas já não cabiam nos olhos, insistindo em fugir para perto do sorriso fácil e sincero de quem tem no Flamengo sua maior paixão.
 
Os heróis
 
Na lateral do campo, o primeiro negro campeão brasileiro como técnico. E não foi só assim que Andrade fez história. O Tromba foi eleito o melhor técnico do ano pela CBF, o quarto brasileiro a ser campeão do torneio como jogador e treinador e o primeiro a conseguir tal feito pelo Flamengo. Andrade sozinho era hexa: tinha cinco taças como atleta e mais uma agora como "professor". 

Petkovic voltou ao clube para acertar dívidas. Mas segundo ele próprio, em diversas entrevistas, voltou também para ser campeão. O craque sérvio soube ganhar seu espaço com a técnica apurada e rara categoria que fazem dele um dos maiores depois de Zico e foi o grande maestro do time naquele ano. Com o cabalístico 43 nas costas do uniforme, tirou onda com gol olímpico e de falta, assistências magistrais e passes açucarados para os companheiros, que subiram de rendimento ao seu lado. 

Já Adriano, sete anos depois de deixar a Gávea, rescindiu contrato com a Inter de Milão para assinar com seu time de coração e foi fundamental na conquista, sendo artilheiro do Brasileirão com 19 gols, empatado com Diego Tardelli. Ele só queria ser feliz. E sabia muito bem onde estava a felicidade.
 

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