Tricampeonato, a Pedra Filosofal e o Elixir da Longa Vida.
qui, 28/11/13
por Arthur Muhlenberg |
É um bocado imprudente comemorar um
tricampeonato do Flamengo contrariando Jorge Ben logo na largada, mas o
grande rubro-negro há de entender que os alquimistas não estão chegando.
Eles já chegaram há muito tempo. Estavam todos na casa, uns brilhavam
mais, outros menos, mas estavam todo ali mesmo. E não empolgavam. O ano
que escorria por entre os dedos era medido em chatíssimos pontos
corridos. Nossas esperanças eram das mais vãs.
Eis que uma fagulha refulgiu, foi o
bastante para que o processo alquímico se iniciasse através da combustão
da torcida. Que ardeu antes mesmo que o próprio time. Após longa
ausência a Magnética voltou ao Maracanã na Copa do Brasil, com a
responsabilidade de empurrar o time ladeira acima. Em mata-mata
sangrentos onde os derrotados seriam deixados para trás, esquecidos.
Justamente na época em que o time estava
mais pesado e difícil de dirigir. Foi então a vez do time entrar me
combustão, e alimentado pelo gás da torcida, fez tudo que estava ao seu
alcance. Como, por exemplo, passar o rodo em todo mundo que brotou na
sua reta. O Flamengo simplesmente não fez reféns, eliminou a todos. Sem
pênaltis, sem prorrogações, sem nenhuma presepada. O Flamengo chegou ao
TRI vencendo todos os seus jogos em casa. Uma campanha irretocável que
por nobreza e justiça deve ser dividida com a torcida.
A nossa terceira Copa do Brasil agora
repousa em nossa estupidificante sala de troféus. Ela é a prova de que
os alquimistas desse Flamengo entenderam a essência da Grande Obra. E
transformaram um ano que se anunciava inevitavelmente de chumbo em um
ano de ouro. Mas só os tolos acreditam que transformar chumbo em ouro
seja o verdadeiro objetivo da Pedra Filosofal. Enquanto a química se
dedica à transformação da matéria, o processo alquímico se dedica à
transformação do Ser Humano.
E esse Flamengo é o TRICAMPEÃO porque
soube se transformar tanto individual quanto coletivamente. Nenhum
desses tricampeões é o mesmo homem que em Abril deram os primeiros
pontapés na bola pela Copa do Brasil. Desacreditado, subestimado e nunca
favorito, o Flamengo foi humildemente tocando o terror, sempre no
sapato frenético. E foi o mais longe que se poderia ir.
Vejam o brilho das medalhas no peito
destes admiráveis novos homens. Homens que encontraram uma maneira de
deixar de cumprir o roteiro que externamente tentavam lhe impor. Homens
que, enfim unidos, partiram para reescrever as suas próprias histórias. E
assim reservaram para eles o papel de mocinho que fica com a gatinha no
final feliz. Conseguindo modificar não apenas as suas, mas também as
nossas histórias. Porque nós nunca mais seremos os mesmos depois dessa
conquista.
A alquimia não pode parar. No Flamengo a
busca pelo Elixir da Longa Vida nunca cessa. Nosso laboratório agora é a
Libertadores 2014, onde chegamos, como quem não quer nada, antes de
todos os times do Brasil. Sei que deve ser difícil, mas a arcoirizada
vai ter que aturar. O Fuderoso Flamengo Master Açambarcador de Troféus é
extremamente irritante para aqueles que não fecham com o certo.
Preparem-se, infelizes, ano que vem estaremos ainda mais impossíveis do
que já somos. Agora e só festa. Provavelmente vou sumir por uns dias.
Parabéns, Nação Rubro Negra. Conosco ninguém pode.
Mengão SempreFonte: http://globoesporte.globo.com/rj/torcedor-flamengo/platb/2013/11/28/tricampeonato-a-pedra-filosofal-e-o-elixir-da-longa-vida/
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