Causos do Fla: conheça goleiro "fujão" cortado da Copa de 1930 por indisciplina
No 122º aniversário do clube, GloboEsporte.com conta história de Amado Benigno, bicampeão carioca e brasileiro, mas que ficou fora da primeira Copa ao disputar jogo sem comunicar a CBD
O ano era 1923. O hoje 34 vezes campeão estadual Flamengo disputava
apenas sua 11ª edição do Campeonato Carioca. Havia vencido quatro: 1914,
1915, 1920 e 1921. Era um clube de regatas que ainda engatinhava no
futebol, mas que já revelava seus primeiros ídolos. O enredo a seguir
conta a história do goleiro amazonense Amado Benigno, que, ainda na
época amadora, vestiu as cores do time em 124 oportunidades.
Amado era uma lenda da época e, mesmo assim, é provável que nem os mais
fanáticos rubro-negros saibam quem foi o labreano (de Lábrea, município
localizado a 702 km da capital Manaus) que, no auge da carreira, chegou
a ser cotado para representar a seleção brasileira na Copa do Mundo de
1930. Ele chegou a defender o time Canarinho uma única vez em 1929, mas
ficou de fora da relação final por causa do próprio time que deu-lhe
reconhecimento.
- No dia da apresentação para Copa do Mundo, Amado resolveu disputar um
amistoso pelo Flamengo sem avisar a CBD. Ele foi cortado, e levaram o
Joel, titular daquela Copa, em seu lugar - conta o historiador Gaspar
Vieira Neto.
No 122º aniversário do clube, o GloboEsporte.com conta quem foi esse ícone do cenário carioca.
O bicampeonato carioca e brasileiro
Nascido em 1905, Amado vestiu as cores do Flamengo pela primeira vez em
1923. Suas defesas não tardaram para o colocar no time titular, onde
seguiu até 1934, quando se aposentou. Nesse período, Amado foi campeão
estadual em 1925 e 1927. O desempenho o levou para a Seleção Carioca -
naquela época, eram Seleções que representavam determinado Estado em
competiçõs nacionais.
Vestindo as cores do Rio de Janeiro, o arqueiro conquistou o título
brasileiro em outras duas oportunidades, em 1927 e 1928. Os canecos
consecutivos na carreira chamaram atenção da Confederação Brasileira de
Desportos (CBD, antiga CBF) e o levaram, pela primeira e única vez, a
seleção brasileira. Em 1929, já considerado o melhor do Brasil em sua
função, ele disputou um amistoso contra a equipe do Rampla Juniors, do
Uruguai, e ajudou o Brasil a vencer por 4 a 2. No entanto, nunca mais
voltou a ser chamado.
O corte da CBD
Bicampeão carioca, bicampeão brasileiro e estreia vitoriosa pelo time
Canarinho. Era a chance de Benigno assumir de vez a posição e defender o
Brasil na primeira Copa do Mundo da história, certo? O historiador
Gaspar Vieira Neto conta que não foi bem assim. No dia da apresentação
para Copa do Mundo, Amado resolveu disputar um amistoso pelo Flamengo
sem avisar a CBD. Resultado: foi cortado e viu o treinador Píndaro de
Carvalho levar Joel em seu lugar. O Flamengo, de quebra, foi o único
grande carioca sem representante na Copa do Uruguai.
Medicina e olheiro de Oscar Niemeyer
No começo do século, o futebol era amador e - digamos - não era o
suficiente para sustentar uma família. Benigno jogava por amor. Prova
disso era a profissão exercida fora dos gramados: médico. Filho de um
coronel, o amazonense cursou medicina e, quando começou a defender o
Flamengo, já praticava a profissão. O mesmo que fez após pendurar as
chueteiras.
A aposentadoria também o levou a outro caminho. Ele virou olheiro do
Fla e, curiosamente, observou um jovem da categoria do Fluminense
bastante promissor: um tal de Oscar Niemeyer. Amado até chegou a
convidar Niemeyer para atuar no Flamengo, mas teve o convite negado. O
futuro arquiteto alegou que não pretendia seguir carreira de jogador. A
história, contada pelo próprio Niemeyer, foi publicada no livro "As
grandes entrevistas do Milênio"
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